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Qual a alimentação recomendada para doentes com asma?
Qual a alimentação recomendada para doentes com asma?
Veja se algum dos nossos médicos já respondeu a sua pergunta
A alimentação e o estilo de vida parecem ter influência na prevalência e controlo da asma.
A dieta mediterrânica, reconhecida como um modelo alimentar cultural e saudável que se caracteriza pelas suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, tem sido associada a um melhor controlo da asma e função respiratória.
Isto deve-se, sobretudo, à ingestão de alguns dos grupos de alimentos, nomeadamente de pescado, fruta fresca e de frutos gordos e oleaginosos, como as nozes (fornecedores de antioxidantes e de ácidos gordos polinsaturados da família ómega-3).
Por outro lado, uma alimentação rica em gordura, açúcar e sal tem um impacto negativo no desenvolvimento da doença.
Também o excesso de peso ou obesidade têm um papel prejudicial na prevalência da asma, pelo que acresce a importância de um estilo de vida saudável e promotor de um peso adequado.
Com base nestes pressupostos, recomendo-lhe as seguintes medidas de carácter geral que embora não substituam a consulta a um nutricionista, podem contribuir para manter um estilo de vida saudável e permitir um melhor controlo da doença:
Porquê? Falhar a primeira refeição do dia é particularmente penalizador para o organismo, pois quando acordarmos estamos em jejum há muito tempo, dispondo por isso de pouca energia disponível para o trabalho muscular e intelectual.
As reservas de açúcar no nosso organismo são muito limitadas pelo que, se atrasarmos o pequeno-almoço, o organismo vai ter de recorrer a outras fontes de energia menos adequadas, para além de podermos perturbar o nosso apetite para o resto do dia, sendo mais difícil sentirmo-nos saciados.
Se a sua manhã é muito atarefada programe-se. Deixe tudo pronto de véspera, para que de manhã faça uma refeição tranquila e prazenteira.
Porquê? É essencial manter os níveis de açúcar no sangue estáveis, para que tenhamos a vitalidade de que necessitamos e se mantenha o apetite controlado.
Quando passamos muito tempo sem comer (mais de 3h a 3h30) os níveis de açúcar no sangue descem, criando em muitas pessoas sintomas desagradáveis de fraqueza, falta de concentração e alterações bruscas de humor.
Em certas pessoas nada disto acontece, pelo que frequentemente ignoram esta regra. Contudo, também elas sofrem as consequências fisiológicas da sua imprudência e que são a perda de massa muscular e o aumento do apetite na refeição que se segue.
Não se esqueça que o apetite é mau conselheiro. Este é como um alarme que facilmente se antecipa ou se atrasa face à nossa real necessidade de comer.
Tente por isso comer a horas certas do dia, independentemente de ter mais ou menos “fome”.
Porquê? A sopa, pelas suas características nutricionais contribui para não comermos demasiado às refeições e evita que tenhamos necessidade de voltar a comer antes do tempo.
Isso deve-se ao facto de ela contribuir para a distensão do estômago, informando o centro da fome de que não necessitamos de ingerir mais alimentos, fazendo com que comamos menos ao longo da refeição.
Por outro lado a sopa atrasa o esvaziamento gástrico, reduzindo desta forma a vontade de comer antes do tempo (antes de terem passado pelo menos três horas).
As hortaliças e legumes também são fonte de fibra alimentar, que pode contribuir para o controlo da vontade de comer.
Porquê? Porque as leguminosas e os “farináceos” integrais fornecem-nos energia, minerais e vitaminas insubstituíveis ao funcionamento dos músculos e do sistema nervoso. A sua fibra alimentar contribui para evitar as flutuações bruscas nos níveis de açúcar no sangue e os sintomas indesejáveis que lhe estão relacionados tais como a fraqueza, falta de concentração e alterações bruscas de humor, bem como atrasam naturalmente a necessidade de comer sem prejuízo para o organismo.
Porquê? Tendo em conta que um número significativo de pessoas não fazem uma ingestão adequada de água, importa reafirmar que independentemente de se ter sede ou não, é essencial beber cerca de 1,5 litros de água diariamente.
Acresce que frequentemente confundimos fome com sede, pelo que é importante assegurar que nos hidratarmos adequadamente, por forma a evitarmos comer sem necessidade.
A ingestão se água às refeições também é recomendada pois poderá contribuir para o controlo do apetite (saciedade).
Porquê? Comer apressadamente, em ambientes agitados ou com música alta, estimula uma maior ingestão alimentar e não contribui para que as refeições sejam uma fonte de prazer e de descontração.
Porquê? Embora os alimentos ricos em proteína animal, contribuam para que nos sintamos saciados, estes também são fonte de gorduras que nos podem prejudicar.
Devemos, por isso, limitar a sua ingestão às nossas necessidades, que são aproximadamente 2 copos de leite ou três iogurtes ou 60g de queijo magro diariamente e não mais de cerca de meio quilo de carne por semana (dando preferência à carne de aves – sem pele).
Quanto ao peixe este deve estar no nosso prato três vezes por semana e preferencialmente deve ser gordo (sardinha, cavala, salmão etc.).
Fique com a noção de que 120g de carne de vaca grelhada têm cerca de 200 Kcal, enquanto que a mesma quantidade de batata (1 batata e meia do tamanho de um ovo não frita) tem 102 Kcal.
Porquê? A fruta é rica em água, fitoquímicos, vitaminas e minerais essenciais. Não importa se a consome antes, durante, após ou entre as refeições, o que interessa é que consuma pelo menos 3 peças de fruta por dia.
A fruta cozinhada (sem adição de açúcar) também é muito agradável, assim como sob a forma de salada. O facto de a fruta conter naturalmente açúcar não invalida que apresente um baixo valor energético e seja uma fonte importante de fibra, podendo contribuir para o controlo do apetite. O melão, a melancia e o morango são particularmente pobres em energia.
Porquê? Todo o açúcar de que necessitamos está disponível na fruta, leite e farináceos (pão, batata, feijão etc.).
Deve-se por isso limitar ao máximo o açúcar de adição (sacarose, frutose, mel etc.) e o consumo de doces, bolos, bolachas e bebidas açucaradas (refrigerantes) pois tratam-se de alimentos muito calóricos que pouco contribuem para a satisfação das necessidades vitamínicas e minerais do organismo.
Acresce que certos produtos açucarados contêm muita gordura “escondida”, muitas vezes do tipo “saturada”. Este tipo de gordura estimula a produção de colesterol prejudicial à saúde cardiovascular.
Para a evitarmos importa também limitar as carnes gordas e os lacticínios gordos (manteiga, leite e queijos) em favor do peixe e carnes magras, livres de pele e gorduras visíveis.
A saúde aconselha ainda o uso de apenas uma pequena quantidade de gordura para confeção ou tempero, privilegiando para o efeito o azeite em métodos de confeção simples com recurso a especiarias e ervas aromáticas.
Porquê? Ao contrário da atividade física intensa, a atividade moderada está ao alcance de um maior número de pessoas e é sustentável a longo prazo.
Se é claro que quanto mais intensamente nos exercitamos mais calorias gastamos, por outro lado existem riscos associados à atividade intensa que há que acautelar, tais como as lesões, o risco cardiovascular e a incapacidade para manter a médio/longo prazo o mesmo nível de atividade.
Por outro lado a atividade moderada feita com prazer reduz a ansiedade que pode ser causa da nossa compulsão para comer.
Procure por isso uma atividade física de que goste e um ambiente socialmente estimulante, exercitando-se de uma forma sustentável, ou seja, com uma intensidade que lhe permita praticar a sua atividade diariamente.
Não se esqueça que mais importante do que a intensidade é a regularidade e o prazer com que praticamos uma atividade física.
Sofia Dinis é licenciada em Ciências da Nutrição e Pós Graduada em Biotecnologia e Inovação Alimentar.